terça-feira, 10 de junho de 2014

Chade

Chade, também chamado de Tchade ou Tchad (em árabe: تشاد, transl.: Tshād; em francês: Tchad), oficialmente República do Chade (em árabe: جمهوريّة تشاد, transl.: Jumhūriyyat Tshād; em francês: République du Tchad) é um país sem acesso ao mar, localizado no centro-norte da África. Faz fronteira com a Líbia a norte, com o Sudão a leste, com a República Centro-Africana a sul, com Camarões e Nigéria a sudoeste e com o Níger a oeste. Encontra-se dividido em três grandes regiões geográficas: a zona desértica no norte, o cinturão árido do Sahel no centro e a savana sudanesa fértil no sul. O Lago Chade, do qual o país obteve o seu nome, é o segundo maior corpo de água da África e o maior do país. O ponto mais alto do Chade é o Emi Koussi no Deserto do Saara. Sua capital e cidade mais populosa é N'Djamena. O país abriga mais de duzentas etnias. Os idiomas oficiais são o árabe e o francês, enquanto as religiões oficiais são o islã e o cristianismo.

A princípios do sétimo milênio antes do nascimento de Cristo, populações numerosas ocuparam o território chadiano. Em finais do primeiro milênio antes de Cristo, vários estados e impérios desapareceram na zona central do país, todos eles dedicados a controlar as rotas do comércio transaariano que cruzavam a região. No século XIX, com a Conferência de Berlim, a França conquistou e colonizou este território e o incorporou à África Equatorial Francesa. Em 11 de agosto de 1960, a independência foi proclamada, pela liderança de François Tombalbaye. Em 1965, revoltas contra a política do país fizeram com que os muçulmanos da região norte entrassem em uma guerra civil. Assim, em 1979, rebeldes tomam a capital do país e puseram fim à hegemonia dos cristãos da região sul. Entretanto, comandantes rebeldes permaneceram em conflito constante até Hissène Habré se impor ante seus riviais, mas em 1990 Idriss Déby derrotou-o. Recentemente, o conflito de Darfur no Sudão atravessou a fronteira e gerou o conflito entre Chade e Sudão, com centenas e milhares de refugiados vivendo em acampamentos no leste do país.

Enquanto existem vários partidos políticos ativos no país, o poder recai firmemente nas mãos do presidente Déby e seu partido, o Movimento Patriótico de Salvação. No Chade ainda ocorre violência política e frequentes golpes de estado. Atualmente, o Chade é um dos países mais pobres e com maior índice de corrupção no mundo. A maioria de sua população vive abaixo da linha de pobreza. Desde 2009, o petróleo passou a ser a maior fonte exportações no país, sobrepassando a tradicional indústria de algodão.
A partir do sétimo milênio antes de Cristo, as condições ecológicas em parte do território chadiano favoreceram os assentamentos humanos e a região apresentou um alto crescimento demográfico. Alguns dos sítios arqueológicos mais importantes se encontram no Chade, entre eles destaca-se a região do Borkou-Ennedi-Tibesti.4 5 Por mais de dois mil anos, o Chade estava sendo povoado por grupos agrícolas sedentários e várias civilizações foram assentadas na região. A primeira delas foi a civilização Sao, conhecido por seus simples artefatos e tradições orais. Os sao caíram ante o Império de Kanem,6 7 o primeiro mais duradouro dos impérios que se assentaram na região que corresponde atualmente ao Sahel chadiano durante o primeiro milênio depois de Cristo. O período do império Kanem e de seus sucessores foi baseado no controle de rotas do comércio transaariano que cruzava a região.5 Esses estados nunca estenderam seu domínio até os vales férteis do sul, exceto para o comércio de escravos.8

A partir de 1900, o Império Colonial Francês deu passo para a criação do Territoire Militaire des Pays et Protectorats du Tchad. Em 1920, a França havia assegurado o controle absoluto da colônia e incorporou o território do Chade à África Equatorial Francesa.9 O domínio francês no Chade foi caracterizado pela ausência de políticas para unificar o território e retardar a modernização. Os franceses viam a colônia como uma importante fonte de mão de obra barata e algodão, onde em 1929 a França introduziu a produção de grande escala desta matéria prima. Durante a administração colonial do Chade, os governadores se apoiavam de elementos do serviço militar francês. Apenas a parte sul do país era governada de maneira efetiva, já que no norte e no leste do país a presença francesa era escassa, o que levou a um sistema educacional deficiente.5 10 Após a Segunda Guerra Mundial, o Chade passou a ser um departamento ultramarino francês, para que seus habitantes tivessem o direito de eleger os representantes na Assembleia Nacional Francesa e a criação de uma assembleia chadiana. O maior partido político da época era o Partido Progressista Chadiano, com bases localizadas na parte sul do país. O Chade obteve sua independência em 11 de agosto de 1960, com o líder do partido, François Tombalbaye, que se tornou o primeiro presidente.5 11 12

Dois anos depois, Tombalbaye dissolveu os partidos de oposição e estabeleceu o unipartidarismo. O governo autocrático e Tombalbaye e sua má administração geraram tensões entre as distintas etnias do país e em 1975 os muçulmanos iniciaram uma guerra civil. Tombalbaye foi assassinado em 1975,13 mas o conflito continuou. Em 1979 as facções rebeldes tomaram a capital e todas as autoridades civis sofreram um colapso e o poder do país passou para os rebeldes armados, a maioria provenientes do norte do país.14 15 A desintegração do Chade provocou o colapso da presença francesa no país. A Líbia tentou tomar o controle do país e se envolveu na guerra civil.16 Em 1987, a aventura líbia terminou em desastre, quando o presidente Hissène Habré, apoiado pela França, invocou que os chadianos se unissem em apenas um grupo como nunca havia se visto antes,17 e assim obrigar o exército líbio a se retirar.18

Habré consolidou sua ditadura atrabés de um sistema de corrupção e violência. Ao redor de quatrocentas mil pessoas foram assassinadas durante seu mandato.19 20 O presidente favoreceu sua tribo de origem, a daza, e discriminou os membros de sua tribo inimiga, os zaghawa. Em 1990, o general Idriss Déby o derrubou.18

Déby tentou reconciliar os rebeldes e reintroduziu o unipartidarismo. Por meio de um referendo os chadianos aprovaram uma nova constituição e, em 1996, Déby genhou as eleições presidenciais.21 Em 2001, começou no país a atividade da exploração do petróleo, que trouxe consigo esperanças que o Chade teria de alcançar a paz e a prosperidade. Entretanto, conflitos internos empenharam e se instalou uma nova guerra civil. Unilateralmente, Déby modificou a constituição para manter o máximo de dois períodos para cada presidente, o que ocasionou controvérsia entre civis e partidos de oposição.22 Desta forma, em 2006 Déby ganhou pela terceira vez as eleições presidenciais. Em 2006 e 2008, os rebeldes tentaram tomar novamente a capital do país, mas sem êxito. No leste do Chade, a violência étnica tem aumentado. Os membros do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados advertem um genocídio similar, tal como ocorre em Darfur, pode estar presente no Chade.
Bandeira do ChadeBrasão de armas do Chade